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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Yohansson brilha ao faturar o 3º título mundial seguido nos 200m em Doha

Ele veio ao mundo "premiado", sem as mãos, e só assim pôde descobrir o esporte paralímpico. Praticou taekwondo, skate e foi até lateral direito no futebol, mas a velocidade com que atravessava os gramados o fizeram migrar para o atletismo, aos 17 anos. Hoje, aos 28, Yohansson Nascimento já é um atleta consagrado como um dos maiores da história do país. Com sete medalhas em Mundiais e quatro em Paralimpíadas, o alagoano conquistou neste domingo o terceiro título mundial consecutivo nos 200m T47 (amputados) em Doha, no Catar. Sem a presença do lesionado Petrucio Ferreira, que apoiou o amigo e rival das arquibancadas do Qatar Sports Club, Yohansson brilhou ao cravar o tempo de 21s90. O polonês Michal Derus (21s96) ficou com a medalha de prata, e o chinês Hao Wang (22s15) completou o pódio.

- O Petrúcio estava passando boas energias para mim. Sei que ele vai se recuperar e, no futuro, o pentacampeonato poderá ficar em suas mãos. A rivalidade com ele é boa porque dá continuidade ao esporte. Não adianta eu passar quatro, oito, 10 anos, sendo o grande nome da classe para amputados nos membros superiores e não haver renovação. O que seria do esporte? O esporte não termina nas Paralimpíadas de 2016. Quem é que vai correr em 2020 e 2024? É legal passar experiência para essa garotada que está iniciando agora para fazer também bonito nas competições que virão pela frente. O Petrúcio é o atual recordista dos 200m desde Toronto e ainda é um menino muito novo - analisou Yohansson. 

Petrúcio era apontado como o principal adversário de Yohansson na briga pelo lugar mais alto do pódio. O jovem de 19 anos faria a sua estreia no Mundial de Atletismo Paralímpico, no entanto, não conseguiu se recuperar de uma lesão na coxa, sofrida durante o Festival Paralímpico, no dia 7 de setembro. O atual recordista mundial nos 200m foi o responsável por dar ao Brasil dois ouros no Parapan de Toronto, no Canadá.

Dono de três ouros, duas pratas e dois bronzes em Mundiais, Yohansson voltará às pistas para brigar por mais uma medalha, nesta terça-feira, nos 100m. O alagoano aposta em bons resultados para o país no emirado do Oriente Médio. Mas lamentou as ausências de Mateus Evangelista, que fraturou o fêmur, e Verônica Hipólito, em recuperação de uma para a retirada de 90% do cólon - maior porção do intestino grosso - para evitar que mais de 200 pólipos se transformassem em um câncer. 

- Infelizmente, a Verônica e o Mateus, que são pessoas que eu gosto muito, não puderam estar aqui. Eu dedico essa vitória aos dois - dedicou o corredor, ressaltando a força da delegação verde e amarela, mas sem prometer o cor de sua próxima medalha:
- Nunca gosto de prometer medalhas. Não gosto de entrar na prova de alto alto, porque sei que será sempre uma prova difícil. Vocês viram que não é tão fácil chegar e ganhar. Mas o que eu posso prometer é dedicação total e treino. A medalha é uma consequência - destacou o atleta, que já havia sido campeão dos 100m em Christchurch 2011 e também dos 200m em Lyon 2013. 

Yohansson comemorou a vitória com a tradicional estrela. Este foi o segundo ouro do Brasil em Doha. O primeiro veio com Daniel Tavares nos 400m T20 (deficientes intelectuais). Os membros da delegação verde e amarela subiram cinco vezes ao pódio, colecionando três pratas e dois bronzes. O país ocupa atualmente a décima posição no quadro de medalhas, com dois ouros, sete pratas e seis bronzes. 

Em seu retorno aos Mundiais após escrever o seu nome com três títulos, em Lyon 2013, Alan Fonteles entrou na pista do Qatar Sports Club para defender o ouro nos 200m T44, a sua prova favorita. O paraense demonstrou um grande poder de recuperação após o ano sabático e completou a prova em 22s04, atrás apenas do americano Richard Browne (21s27). 



Outro destaque, Terezinha Guilhermina queria manter a hegemonia nos 200m T11 (cego total), mas precisou se contentar com a prata. O seu guia, Guilherme Santana, sentiu uma lesão no aquecimento e a dupla foi prejudicada. Apesar do segundo revés para a chinesa Cuiqing Liu, a maior medalhista do Brasil em Mundiais ainda irá disputar os 100m, prova na qual ela mantém uma impressionante invencibilidade há 10 anos. A brasileira Jhulia Karol completou o pódio. 

Quem também subiu ao pódio no quarto dia de disputas no Catar foi José Humberto Rodrigues, que registrou 28,33m no arremesso de dardo pela classe F54 (paralisados cerebrais) para faturar mais uma prata para o país. Elizabeth Rodrigues trouxe ainda um bronze no arremesso de peso da classe F54 (cadeirantes) ao registrar a marca de 6,53m. Nesta segunda-feira, os velocistas Daniel Mendes, Felipe Gomes e Gustavo Araújo, e fundistas como Yeltsin Jacques e Odair Santos buscam ampliar o número de medalhas do Brasil no campeonato. Em Lyon, a equipe voltou para casa com 16 ouros, 10 pratas e 14 bronzes.

NM com G1

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