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segunda-feira, 30 de março de 2020

Clubes alagoanos buscam soluções econômicas em meio à pandemia

FOTO: AILTON CRUZ

O coronavírus tornou-se uma realidade assustadora no mundo todo. No Brasil, os casos só aumentam, causando alarme na população. Não só a economia está sendo afetada, as atividades esportivas foram paralisadas por completo em todo o País. Campeonatos estaduais, regionais e nacionais estão parados por tempo indeterminado. E, em Alagoas, não seria diferente: desde o dia 16 de março o Estadual foi paralisado até o dia 20 de abril.
Com esta pausa forçada, os clubes passaram a adotar medidas, como a dispensa de atletas, comissão técnica e demais profissionais para que ficassem em casa, de quarentena, aguardando decisão para retomarem às atividades.
Um ponto crucial para os times, na falta de jogos, é a ausência da arrecadação de renda que as partidas geram para os clubes. Com a falta de grana, a receita tende a diminuir, levando os dirigentes a tomarem decisões que menos causem turbulência ao time.
CSA e CRB
O gestor de futebol do CSA, Raimundo Tavares, em entrevista à Gazeta de Alagoas, comentou a situação do clube marujo. "Ainda não há definição concreta até o momento. As discussões continuam com os clubes da Série B, a CBF e o sindicato dos atletas", disse o dirigente.
E a decisão foi a seguinte: clubes da Série B, incluindo CSA e CRB, apresentaram um manifesto para dar férias coletivas de 20 dias a partir do dia 1º de abril -- para atletas, comissões técnicas e demais funcionários -, além de pagar integralmente o salário do mês de março e, caso não haja retorno de atividades após o período, poderá haver uma redução de 25% do salário.
O presidente do CRB, Marcos Barbosa, em entrevista à Rádio Maceió AM 1020, comentou sobre o momento que o mundo está vivendo com a pandemia do novo coronavírus e como a Covid-19 prejudicou o esporte, em especial, o futebol. Ele afirmou que é necessário prezar pela saúde da população antes de campeonato e que pode vir a adotar medidas econômicas, caso a situação se complique.
"A situação que o clube vai passar, os torcedores também vão. E, por enquanto, o clube não necessita. O dinheiro de março, dos funcionários, já está garantido. Agora, vamos trabalhar para arranjar o dinheiro dos jogadores. Vamos honrar com eles", garantiu Marcos Barbosa.
No interior
Os times do interior são os que mais sofrerão, caso a paralisação seja prorrogada. Com calendário para até os três ou quatro primeiros meses do ano, os times terão dificuldades de continuar mantendo a folha salarial em dia, buscando a solução como aconteceu com ASA, que anunciou a suspensão dos contratos com os profissionais do clube até a retomada do Campeonato Alagoano.
Geraldo Amorim, presidente do Murici, conversou com a Gazeta de Alagoas, comentando sobre a situação futura do clube alviverde. "Vamos aguardar a próxima reunião com a FAF. Só tomaremos alguma medida após isso", declarou.
O presidente do CSE, José Barbosa da Silva, comentou sobre a situação do clube de Palmeira dos Índios. O mandatário explicou que, devido ao coronavírus, diversos atletas retornaram para seus estados. "Já negociamos [a viagem] com um atleta da Bahia e estamos em negociação com outro de Goiás, que deve viajar até a próxima sexta-feira", disse José Barbosa, que afirmou que esses jogadores não devem retornar ao estado.
A falta de jogos é um problema para todos os clubes, o que ocasiona uma diminuição de verba que o time adquire ao longo do mês. E, de acordo com José Barbosa, o CSE recebeu um repasse de órgãos públicos, no valor de R$ 60 mil para pagar os salários de março. Segundo ele, os jogadores já afirmaram que querem receber esse dinheiro. O presidente do CSE ainda comunicou que o clube se encontra em situação complicada com relação aos uniformes, que foram furtados na última semana.
Comissão e Sindicato
Gazeta de Alagoas também conversou com o presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB/AL, Flávio Moura, sobre as implicações legais das medidas adotadas por alguns clubes, como o que aconteceu com o ASA.
Moura explicou que é uma situação atípica em nível mundial e que as decisões estão sendo tomadas sem antes saber se há certo ou errado. "A CLT tem regras gerais, que se aplica a todos os trabalhadores, e existe a Lei Geral do Desporto, com regras específicas. Essa situação pegou os clubes de surpresa e sabemos que a maioria dos times tem orçamento deficitário", disse Flávio Moura.
O especialista comentou ainda que a participação de entidades sindicais é essencial para discutir um possível acordo coletivo e que não dá para condenar ou afirmar que há legalidade nessas medidas. 
Em contato com a reportagem, o presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol do Estado de Alagoas (SAPFEAL), Jorge Borçato, disse que pensa no futebol de Alagoas, mas que olha ainda mais para os clubes do interior, que, segundo ele, dependem de órgãos públicos e patrocinadores que não resolvem arcar com os compromissos financeiros em momentos como este.
Borçato disse que o SAPFEAL tem apenas uma postura com relação à situação: os clubes devem pagar aos atletas. "Entrei em contato com nosso setor jurídico e eles me disseram que isso não é possível. Acho justo que haja uma negociação, mas cortar salário, não".
Os atletas, por meio da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (FNAPF), rejeitaram a proposta inicial dos clubes, que pregava a redução de 25% do salário dos jogadores, e apresentaram uma contraproposta.
"Prezamos pelo pagamento integral do mês de março, férias coletivas a partir do dia 1º de abril até o dia 30", disse Jorge Borçato, que ainda acha importante a abertura de um diálogo entre os clubes alagoanos com o sindicato com relação ao pagamento parcelado dessas férias.
O presidente do SAPFEAL destacou que mantém contato com jogadores dos clubes, mas que não obteve resposta de nenhum atleta do ASA sobre a redução do salário. O sindicalista ainda afirmou que mantém diálogo com o presidente da Federação Alagoana de Futebol (FAF), Felipe Feijó, para encontrar possíveis soluções para o Campeonato Alagoano.
Na próxima terça-feira (31), está marcada uma reunião da FAF com os representantes dos oito clubes que disputam o Alagoano, para tentarem encontrar alguma solução para esse problema.
Ajuda da CBF
Por fim, Jorge Borçato disse que é necessário a participação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), porque, segundo ele, a entidade recebe valores dos clubes em diversos quesitos, inclusive na inscrição de jogadores nas competições, e que, por isso, a CBF não deve se isentar.
A reportagem da Gazeta de Alagoas entrou em contatos com os demais clubes que participam do Campeonato Alagoano, mas, até o fechamento desta edição, não obtivemos respostas.
NM com Debora Rodrigues e Luiz Caldas 

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