Image Map

terça-feira, 13 de abril de 2010

ETERNO ÍDOLO

Tem jogadores que se eternizam vestindo determinada camisa de um clube. No Sport, quando se lembra do número 7, inevitavelmente vários rubro-negros associam à figura de Robertinho. Não é para menos. Ele era o ponta-direita do Leão na campanha vitoriosa do Brasileiro de 1987 e é considerado até hoje como um dos melhores jogadores da história do clube. Uma idolatria que atravessou décadas e manteve intacta a relação de amor entre ambos. Passando uma temporada no Rio de Janeiro, após anos no futebol africano e árabe, onde trabalhou como treinador, Robertinho se derrete em elogios quando recorda a época de glória na Ilha do Retiro.
A empatia com a torcida leonina foi imediata. “Quando soube que Éder (Aleixo, ex-ponta-esquerda da Seleção) e Leão (ex-goleiro e treinador atualmente) estavam no Sport, não pensei duas vezes e topei o desafio. E a empatia com a torcida iniciou depois do primeiro coletivo. Treinei no time de baixo, e João Pedro (falecido lateral-esquerdo) estava me marcando. No primeiro drible que dei nele, a torcida vibrou. Aí pensei: ‘se no treino a torcida é assim, imagina no jogo. Já gostei de cara’”, diz.
Daí por diante, então, foi só felicidade, como o próprio ex-ponta-direita enfatiza. “Foi um casamento sem uma única briga”, declara Robertinho, recordando de alguns episódios que não saem da sua memória. “Olha, eu ia correr na praia. Daqui a pouco, começava a surgir vários garotos com o corte de cabelo igual ao meu e vinham atrás de mim para me acompanharem. Só para você ter uma ideia do carinho que tinham comigo. Eu penso que quando ficar bem velho, tipo 100 anos, e morrer, que joguem minhas cinzas no campo do Sport. Quero retribuir os choros e alegrias desta torcida que nunca vi igual, que após os títulos gritava ‘Robertinho e Betão (ex-lateral leonino), vocês são demais’”.
O título brasileiro de 1987 foi o ápice de Robertinho no Sport. “Já fui campeão no Fluminense, com Edinho, Pintinho etc. No Flamengo, com Zico, Adílio etc. Na Seleção, com Mozer, Baltazar etc. E lhe digo que o Sport não devia nada a ninguém. Chegamos onde chegamos porque tínhamos talento”, comenta o ex-jogador, que, ao ser questionado sobre a decisão de Ricardo Teixeira, presidente da CBF, em consultar o Departamento Jurídico da entidade para reavaliar o título de 1987, não titubeou: “O que foi ganho e confirmado de fato e de direito não pode ser contestado. Aprendemos isso em Direito.”
A disputa da Libertadores das Américas, em 1988, é outro capítulo de destaque, que rendeu inúmeras lembranças ao ex-jogador. “Foi singular, pois a torcida do Sport participava pela primeira vez de uma Libertadores. Os caras (torcedores) chegando em Lima, no Peru, para ver o jogo, e eu dando lanche para eles se recuperarem da aventura na selva (alguns leoninos foram do Recife a Lima de ônibus, atravessando parte da Floresta Amazônica, mas o veículo ficou preso no caminho, e os torcedores seguiram de carona). Isso tudo nos ajudou a ganharmos o jogo de 1x0 (contra o Alianza)”.
É por toda essa ligação afetiva criada com o torcedor do Sport que Robertinho continua nutrindo o sonho de um dia voltar à Ilha do Retiro, ocupando um cargo administrativo ligado ao futebol ou como treinador. “Lógico que ainda sonho (ser técnico). Mas hoje, vendo de uma forma racional, existe, na Europa, muitos times resgatando seus grandes ídolos para exercerem cargos estratégicos nos clubes”, argumenta Robertinho, que está marcando uma visita ao Recife. “Mês que vem, quero ir ao Recife. A última vez que estive aí foi treinando o CRB (em 2003)”.


Ficha Técnica
Nome: Roberto Oliveira Gonçalves do Carmo
Apelido: Robertinho
Nascimento: 22/06/1960
Naturalidade: Rio de Janeiro
Carreira: Fluminense (1978-1982), Flamengo (1983-1986), Palmeiras (1984), Sport (1987-88), Botafogo (1988), Atlético Mineiro (1989), Nacional/POR (1989/92), Grössenbacher (1994-95)
Títulos: campeão do Torneio do Irã pela Seleção Brasileira de Juniores (1979), Torneio de Toulon pela Seleção Brasileira de Novos (1980), campeão carioca (1980 e 83), pernambucano (1988), mineiro (1989), brasileiro (1983 e 87)

Nenhum comentário:

Postar um comentário