Confira:
1.De onde ou de
quem surgiu a ideia de se criar uma Corregedoria e uma Ouvidoria na
CBF? Quando foram criadas?
Do
Presidente José Maria Marin que, ao assumir, no dia 16 de março do corrente ano
reuniu os integrantes da CA-CBF e durante 2 horas trocamos informações sobre o
setor.
O
presidente relembrou sua trajetória nos tempos em que jogou futebol; dos 6 anos
em que presidiu a Federação Paulista de Futebol, dos dirigentes de arbitragem e
dos árbitros da época.
O
Dr. Marin de forma clara, objetiva e pragmática disse que não mediria esforços
para melhorar a qualidade da arbitragem. Ele enfatizou que aceita o erro humano
e que não perdoará o dolo.
Naquela
oportunidade ouviu atentamente as ponderações dos antigos companheiros, Luiz
Cunha Martins, Manoel Serapião Filho e Paulo Jorge Alves.
Ao
final da reunião informou que pretendia adotar medidas para reduzir a carga de
trabalho impostas a Comissão de Arbitragem, no sentido de que esta deveria
preocupar-se apenas com as designações para os sorteios.
Dentre
as primeiras medidas seria a criação da Ouvidoria e Corregedoria da Arbitragem;
da aquisição de 30 (trinta) rádios comunicadores e de solicitar autorização
especial da FIFA para adotar os árbitros assistentes adicionais, haja vista que
tal experimento somente poderia ser colocado em prática sob a supervisão da
entidade máxima e do coordenador nacional indicado pelo Dr. Ricardo Teixeira,
na época, a escolha recaiu sobre Manoel Serapião Filho.
Em
relação aos adicionais, o pedido foi feito pessoalmente em Zurique e quando a
autorização chegou ao Brasil, em abril, a CA, com apoio da presidência e das
diretorias especificas tratou de importar os equipamentos. O tempo foi curto,
mas conseguimos receber os aparelhos no início de maio. Reunimos instrutores,
em Goiás para um treinamento especial e eles foram as Federações repassar isto
aos árbitros.
Voltando
um pouco ao tempo, no final de 2011, a entidade nacional dos árbitros, em
reunião com o Dr. Ricardo Teixeira deixou um documento com várias solicitações e
lá constava um pedido para adoção da aquisição dos rádios e inserção dos
adicionais.
Tais
medidas visando a melhoria da qualidade da arbitragem foi ao encontro do pedido
da entidade dos árbitros mas posso garantir que após quatro dias da posse do Dr
Marin, com certeza não teve tempo de ler o documento, o que demonstrou estar
“antenado” no setor.
2.Qual é a função/objetivo desses órgãos? Eles estão
subordinados a quem?
Eles estão sendo entrevistados,
portanto poderão detalhar as funções. O que posso antecipar é que são autônomos
e estão vinculados diretamente ao Presidente Marin.
3. Onde são divulgados as ocorrências destes órgãos e os
resultados obtidos?
Eles poderão responder. No
site www.cbf.com.br tem um resumo
das atividades dos órgãos.
4. Como esses órgãos se relacionam com a CONAF? Em que
eles ajudam a melhorar o nível da arbitragem nacional?
Ressalto que o nome correto é CA-CBF e não CONAF. O
relacionamento tem sido harmônico, porém independentes.
5. Após serem acionados, esses órgãos possuem autonomia
para punir ou restringir algum nome para a RENAF ou Escalas? De que forma?
Enquanto presidente da CA
durante os 5 anos, os instrutores faziam o papel do Ouvidor e recomendavam
treinamentos para melhoria do desempenho dos envolvidos. Esta recomendação se
mantém até os dias atuais.
6. Como e de que forma esses órgão podem ser acionados
por torcedores e/ou dirigentes de clubes? Por que no site da CBF não consta o
e-mail e o telefone do ouvidor e corregedor?
A Corregedoria pode receber as
denúncias de qualquer pessoa, desde que, claro, identificada.
Ao contrário, a Ouvidoria da
Arbitragem recebe as reclamações dos Clubes, Federações sobre a atuação dos
árbitros e dos Árbitros. Existem casos em que o árbitro também questiona a
avaliação recebida. Quanto as reclamações dos torcedores, elas devem ser
dirigidas à Ouvidoria de Competicoes, aos cuidados do Dr. Roberto Sardinha.
7. Assessores, Instrutores e Presidentes de CEAFS também estão
sujeitos a estes órgãos?
Caso um dos Assessores ou
Instrutores que colaboram com o setor se porte de maneira inadequada, a
Corregedoria pode tomar providencias administrativas, ou seja, emitir parecer e
encaminhar ao Departamento Jurídico, STJD e MP, se for o caso. A questão dos
presidentes de CEAF´s, caso ocorra alguma informação, smj o órgão pode informar
a entidade responsável que tem autonomia para que analise e tome as
providencias julgadas oportunas.
8. Quais Federações do Brasil possuem esses órgãos? As
que não possuem serão obrigadas a criar? Se
sim, até quando?
Até
o momento, tudo iniciou com a Federação Paulista, cujo presidente Dr. Marco
Polo tem investido sobremaneira no setor há quase uma década. A Federação
Pernambucana criou a figura do Ouvidor, a Cearense instituiu o Departamento de
Arbitragem que será comandada pelo ex-presidente Leandro Serpa.
Falando em inovações lembro
muito das feitas em SP como dois árbitros em campo durante dois anos seguidos;
limitação de número de faltas (campeonato de aspirantes); tempo técnico;
concentração; pré-temporadas etc. Hoje a FIFA cobra muito a CBF no sentido de
se cumprir o que o IFAB determina para as partidas de futebol, o que acho muito
correto, pois mudar o que esta previsto confunde – e muito – a cabeça de todos.
9. Desde a criação destes órgãos (na sua gestão), o que
de concreto foi feito por estes órgãos? Onde estão os resultados?
Como
disse acima, um resumo está divulgado no site www.cbf.com.br . A Ouvidoria, dos quase
1300 jogos recebeu 61 reclamações formais dos clubes e 1 de um árbitro
solicitando revisão de sua nota.
10. É verdade que a RENAF de 2012 só demorou a sair porque
muitos Árbitros indicados pelas comissões estavam (ainda estão) com
irregularidades e isto dificultou o trabalho da corregedoria? E como ficam as
CEAFS que insistem em indicar árbitros que não possuem todos os critérios
exigidos pela CBF? Não deveriam ser punidas?
Como
foi o primeiro ano em que tais órgãos foram criados e devido ao elevado número
de documentos analisados pela Corregedoria (mais de 6 mil), houve um atraso.
Todavia, para 2013, várias medidas estão sendo tomadas para acelerar o
processo. Faz parte do processo, pois mudanças levam tempo para serem
assimiladas e as Ceafs estão empenhadas em atender ao que vem sendo colocado
pela CBF. Não temos reclamações, ao contrário, a parceria é a palavra chave
disto tudo.
Todos
que desejam uma arbitragem qualificada, isenta e livre de pressões tem que
trabalhar em parceria.
11.
Os Adicionais deram certo?
Em minha opinião sim, pois muitas arbitragens tiveram apoio deste novo
Oficial. Como foi o primeiro ano em competições nacionais e como tivemos pouco
tempo entre a aprovação e o início das atividades, é óbvio que enfrentamos alguns
problemas, mas nada tão absurdo que não possa ser aprimorado ano a ano. Quando
a UEFA propôs esta função para a temporada 2007/2008 o mundo veio abaixo, como
ocorre com toda novidade. A aquisição dos comunicadores foi outra medida
salutar que a arbitragem recebeu de presente. É como o celular, ou seja,
ninguém consegue viver sem um.
12. Quanto ao Departamento de Arbitragem, quais as atribuições
previstas pela FIFA?
Art. 6 – Departamento de Arbitragem – Introdução
1. Cada
Associação Membro deverá criar um Departamento de Arbitragem dedicado a
arbitragem, dirigido por um expert que tenha vasta experiência no âmbito da
administração da arbitragem.
2. Se deve
estabelecer este departamento de arbitragem dentro da administração da
Associação Membro.
Art. 7 – Composição do Departamento de Arbitragem
1. O
Departamento de arbitragem deve ser composto por um expert com ampla
experiência e trabalhar em tempo integral, com a responsabilidade será
administrar o desenvolvimento da arbitragem.
2. Pode ser
necessário compor o Departamento de Arbitragem de acordo com as necessidades da
AM.
Art. 8 – Os
deveres do Departamento de Arbitragem:
Dar suporte a
comissão de arbitragem;
Assistir a CA em todas as suas
atribuições
Implementar as decisões
adotadas pela comissão de árbitros;
Realizar todas as tarefas
relacionadas com a logística da arbitragem;
Realizar toda as tarefas
administrativas do departamento de arbitragem;
Implementar os programas de
desenvolvimento dos árbitros, de conformidade com diretrizes aprovadas pela
CA
Dirigir,
se designado, os trabalhos da Escola Nacional de Arbitragem – ENAF
Organizar cursos para
árbitros, instrutores, assessores;
Preparar e produzir material
didático de acordo com as regras de futebol promulgadas pela
IFAB.
Informar regularmente as suas
atividades a comissão de árbitros, e sua diretamente ou através do
secretário-geral da Associação Membro.
Auxiliar a Ouvidoria e a Corregedoria
da Arbitragem (item agregado para a situação da CBF)
O que
consta em negrito foi agregado nas normas da arbitragem (vide abaixo)
13. A
Escola Nacional de Arbitragem foi criada para quais objetivos?
Um antigo
sonho antigo da comunidade arbitral que terei a honra de dirigir. Terá como
objetivo principal aprimorar os árbitros, assistentes, instrutores e
assessores. É mais uma carga de trabalho que será tirada dos ombros da CA, cujo
objetivo principal será o de cuidar das escalas de arbitragens. Lembro que o
Armando Marques iniciou este processo e até escolheu batizou de Escola Nacional
“Coronel Aulio Nazareno”, no final de 1997, todavia houve apenas a vontade,
pois não foi regulamentada, ficando apenas no papel.
Veja a Resolução
que fundou a ENAF-CBF:
http://imagens.cbf.com.br/201301/1301975168.pdf
14.
Falar da nova Comissão de Arbitragem, é dizer que?.
É um
prazer falar da nova CA, pois são figuras destacadas. O Aristeu, por exemplo,
um ano antes de deixar a atividade realizou curso de instrutor FIFA; O Antonio
Pereira, inclusive pertenceu ao RAP-FIFA durante vários anos. O Nilson Monção
sempre foi instrutor e atualmente dirige uma das melhores escolas de árbitros
do país. O Dionisio Domingos foi remanejado para a ENAF-CBF e tem vasto
conhecimento na área educacional. Enfim, um grupo de elite!
Lembro
bem quando o Edson Rezende saiu e disse que a satisfação dele é que alguém do
grupo pudesse dar continuidade ao trabalho iniciado em 2005. Lá se vão quase 8
anos. Com a nova formatação da estrutura
arbitral contará com suporte do DA e apoio da ENAF. Tem tudo para dar certo,
ainda mais por conta dos atuais gestores não demonstrarem que são vaidosos!
Tenho
absoluta certeza de que os novos dirigentes da CA não medirão esforços para dar
continuidade a melhoria do setor. Espero que sejam gratos e que não esqueçam de
como chegaram aos atuais postos. Quem sabe ser grato receberá gratidão.
15.
A missão foi cumprida?
Nossa satisfação é do dever cumprido. Em 2006, o Dr. Edson Rezende de
Oliveira determinou um diagnóstico da arbitragem brasileira. Ajudei muito nesta época. De posse das
informações implantamos várias medidas para a melhoria da arbitragem nacional,
com ênfase nos treinamentos práticos nas 27 Federações.
Quando o Dr. Edson
Rezende apresentou problemas de saúde e deixou a função, em 7 de agosto de 2007,
aceleramos o processo de modernização do setor, cujo modelo tem sido
considerado por vários estados.
Neste período
foram avaliados e treinados 3763 agentes do setor, sendo que deste grupo, 643
passaram pelo Centro de Treinamentos "Almirante Heleno Nunes", um record que - sem dúvida - fez com que as
Federações corressem atrás do tempo perdido. A cada ano, mais e mais entidades
investiram um pouco mais no setor. Tais medidas, sem dúvidas foram fundamentais
para melhorar a qualidade da arbitragem. Como as pessoas
apenas acompanham fragmentos do trabalho falam ou escrevem fatos distorcidos da
realidade. E como isto ocorre!
Afirmo que houve evolução na
arbitragem estadual e nacional, graças ao trabalho de vários abnegados. Hoje
não temos “donos das regras”, aqueles antigos dirigentes de arbitragem que não
dividiam conhecimento com medo de perder a vaga. Hoje todos os instrutores são
atualizados e recebem material de primeiro mundo. Eles tem a missão de
desenvolver a arbitragem local e, por consequência, a nacional irá melhorar.
Provo, com números, que nunca
antes na história deste país se fez tanto pela arbitragem como de 2005 para cá.
Antigamente tudo era feito meio na boa vontade dos dirigentes, o que até
saudamos, mas hoje é inegável a modernização do setor. Podem até dizer que a
qualidade individual não se compara aos antigos árbitros, mas isto também vale
para os jogadores. Os saudosistas tendem a achar que no seu tempo tudo era
melhor. Mas são saudades de um tempo que nunca mais voltarão e, em alguns
casos, até agradecemos por isto, haja vista os problemas criados por muitos
deles.
Prefiro uma
dúzia de bons instrutores do que 1 ou 2 “donos do livro de regras.”
Diante dos
três cursos de instrutores (2007, 2010 e 2012) posso comemorar outro ganho
real: das 27 Federações, mais de 2/3 já realizam pré-temporadas nos estados.
Uma, inclusive, faz inter-temporada (Espirito Santo).... Como isto é bom!
Satisfação também tivemos ao
estabelecermos o Plano de Carreira para a Arbitragem Brasileira, com o
estabelecimento de categorias ESPECIAL para acolher os ex-árbitros que deixam a
lista internacional antes da idade limite e, após 7 de janeiro, os aspirantes
que chegam a 37 anos e não foram promovidos; Aspirantes (inclusive para os
assistentes que sempre eram esquecidos), CBF-1 e CBF-2.
O Delegado Especial, criado em
2008, com o Rio de Janeiro, aproveitou e criou a figura do Treinador de
Árbitros, no ano seguinte, o que muito nos agradou, pois as boas ideias devem
ser aproveitadas.
Antes de encerrar, a função de
Assessor de Arbitragem é algo que merece muita atenção das Federações, mas isto
é um outro assunto para muitas linhas....
Dos sete árbitros pré-selecionados
para Copa do Mundo, quatro deles foram promovidos após 2007 e pertencem a uma
nova geração (Leandro Vuaden, Sandro Ricci, Emerson Carvalho e Marcelo Van
Gasse).
Falando de Alagoas, tenho
certeza de que o Francisco Carlos Nascimento – se derem tempo – atingirá um
elevado patamar na arbitragem nacional. Muitos comentaristas não concebem um
árbitro fora do eixo chegar lá. Com calma, apoio e diligência ele ocupara seu
espaço, pois quando foi lançado, em 2009 foi considerado uma das revelações.
Se em 2008, a RENAF contava
com apenas 17 árbitros com idade inferior a 30 anos, em 2013 este número
ultrapassou uma centena., além dos que os mais atentos – se responsáveis e não
forem movidos pela pessoalidade – perceberão uma nova safra sendo semeada.
Falando em faixa etária,
lembro que quando reduzimos para 30 anos a idade para ingresso na RENAF, o
mundo desabou sobre nossas cabeças, todavia o tempo demonstrou o acerto da
decisão. Independentemente da opinião pessoal, como dirigente temos que visualizar
o futuro. Basta ler o que os atuais dirigentes da FIFA tem sinalizado para as
Copas de 2018 e 2022...
Por tudo que temos observado
podemos afirmar que o dever foi cumprido!
Como sempre Sérgio Corrêa nos prestigia com sua atenção peculiar. Sou suspeito de falar do mesmo, pois virei seu admirador e seu fã por tudo que fez e faz pela arbitragem nacional.
Obrigado mais uma vez pelo respeito e pelo carinho com este veiculo apaixonado por arbitragem.
Um grande abraço do amigo Paulo Lira.
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