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domingo, 26 de agosto de 2012

COMO MELHOR DEFINIR O CLÁSSICO ALAGOANO NA SÉRIE "B"

Na tarde do ultimo sábado (25) jogaram CRB e ASA no estádio Rei Pele em Maceió, em partida válida pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B. O árbitro foi Charles Hebert Cavalcante Ferreira, com Otavio Correia de Araujo Neto e Carlos Jorge Titara da Rocha. O quarto árbitro foi Flávio Feijó de Omena. Todos (foto acima) são de Alagoas e compõem o quadro de árbitros da CBF.

Apesar da pouca idade - 33 anos completados no dia 19 de julho - Charles Hebert tem uma longa história na arbitragem brasileira e principalmente alagoana. Fez o curso de árbitro em 2000 e entrou no quadro da CBF em 2007 tendo feito o curso para árbitro promissor. Em 2008 voltou a fazer curso pela CBF, desta vez de aprimoramento. É professor de educação física, funcionario público, casado, tem uma filha e é empresário no ramo de colchões, em Maceió/AL.

Um erro em um lance marcou para sempre a carreira deste paraibano que nasceu e foi criado em Campina Grande mas reside em Maceió desde 1990. No dia 19 de setembro de 2009, aos 42 minutos do primeiro tempo do confronto entre Ceará e Paraná pela 25ª rodada da Serie B do Campeonato Brasileiro, validou um gol de mão marcado pelo atacante Wellington Silva do Paraná. Com o gol, o time paranaense derrotou o Ceará por 1 a 0, no Estádio Castelão em Fortaleza. Foi afastado pela CBF e pouco tempo depois foi julgado e absolvido pelo STJD, mas nunca por Sérgio Corrêa, o chefe do apito brasileiro demitido de suas funções na CBF recentemente. Sérgio jamais voltou a dar qualquer tipo de oportunidade para que ele pudesse provar que o ocorrido foi algo que é inerente a profissão e pode acontecer com qualquer árbitro em atividade.

No julgamento, o tribunal entendeu que houve falha técnica, mas que Charles Hebert estava posicionado corretamente no momento do lance e considerou que o erro foi um acidente de jogo.

Fato

Lembrei o triste episódio passado acima para mostrar que tem pessoas que quando comete algum tipo de erro, ele o carrega para o resto de sua vida, enquanto para outros, eles passam despercebidos.

Fui buscar na historia um lance semelhante ao descrito acima ocorrido com aquele que todos afirmam ter sido o melhor árbitro de todos os tempos do país, Armando Castanheira da Rosa Marques, ou simplesmente "Armando Marques" como é conhecido por todos

O lance ocorreu na partida entre Flamengo e Fluminense (Fla-Flu) partida valida pelo equivalente ao Campeonato Brasileiro de 1968, disputada em 13 de outubro de 1968 no estádio do Maracanã no Rio de Janeiro. Aos treze minutos do primeiro tempo, o ponta-direita tricolor Wilton utilizou a mão para tirar a bola do alcance do goleiro Marco Aurélio do Flamengo como mostra a foto ao lado. Armando Marques, o melhor árbitro brasileiro de todos os tempos não viu. Na época houve muitas reclamações, mas também ficou uma lição que somente uma coisa justifica e absolve: a invisibilidade do óbvio. Ninguém enxerga o óbvio. Nem mesmo o melhor árbitro brasileiro.

Anos depois, Armando voltaria a errar de forma decisiva na partida final do campeonato paulistão de 1971, entre Palmeiras e São Paulo. A partida estava 1x0 para o tricolor, Eurico cruzou da direita e Leivinha desviou a bola com a testa para o fundo do gol. Armando Marques imediatamente anulou o gol, alegando que foi com a mão. O jogo terminou 1x0 e o São Paulo se tornou campeão Paulista daquele ano. Se tivesse terminado empatado, o campeão teria sido o Palmeiras. Anos depois, Armando Marques admitiria que o gol foi de cabeça.

Mas Armando não ficou só nesses dois erros, sua atuação voltou a alterar o rumo de pelo menos mais dois campeonatos: o Brasileiro de 74, quando anulou um gol legítimo do Cruzeiro na final contra o Vasco e o Paulista de 73, quando simplesmente errou a contagem na decisão dos pênaltis entre Santos e Portuguesa.

Mesmo com os erros, Armando se tornou um mito e após se aposentar, dirigiu a comissão de arbitragem da CBF de 1997 a 2005 e até recentemente era membro da comissão de arbitragem da Conmebol.

Nos lances relatados acima, não comparo as pessoas e nem a arbitragem de cada um, simplesmente procuro mostrar que uns podem errar sempre que nada lhe acontecerá, já outros não têm o direito de errar sob pena de carregar e pagar por este erro pelo resto da vida. Enquanto uns tem varias oportunidades na vida, outros são enterrados no primeiro erro!

CRB x ASA

Este foi o primeiro jogo que Charles apitou na Série B deste ano. Ele também fez dois pela série C, um pela Série D e atuou seis vezes como árbitro adicional na Série A. Outro ingrediente ficou por conta deste ser o primeiro jogo entre as duas equipes, depois que decidiram o Campeonato Alagoano deste ano, tendo o CRB ficado com o titulo após dez anos na fila.

1º tempo:

A partida começou com o CRB exercendo forte pressão contra a equipe de Arapiraca, foram cinco escanteios a favor do galo da Pajuçara em menos de quatro minutos.

Aos 14’, em um raro ataque do ASA no inicio da partida, o grandalhão e bom atacante Lucio Maranhão sofreu falta na entrada da área adversária que foi ignorada pelo árbitro.

Aos 25’, o lateral Jadilson do CRB fez uma falta normal de jogo e foi advertido com cartão amarelo (exagero).

Aos 30’, o ala Chiquinho do ASA, disputou a bola de forma estabanada, fez a falta sendo punido merecidamente com o cartão amarelo.

Aos 33’, o lateral Gabriel o ASA fez falta comum de jogo e foi punido com cartão amarelo pelo árbitro (exagero).

Aos 35’, Luiz Felipe do CRB fez falta comum de jogo no bom ala Chiquinho do ASA e foi punido com cartão amarelo (exagero).

Aos 36’, Lucio Maranhão desviou a bola na cobrança de falta executada por Chiquinho fazendo o gol que deu a vitoria ao ASA no confronto. Esse foi o sexto gol do atacante em clássicos no ano, o que deu a ele o papel de "carrasco" do rival. Também foi o nono marcado na Série B e o 34º do ano.

Aos 45’, o atacante Wanderley perdeu embaixo das traves o gol que seria de empate.

Aos 46’, terminou o primeiro tempo no exato momento que uma nuvem carregada despejou uma chuva forte sobre a capital dos alagoanos.

2º tempo:

Quando adentraram ao campo de jogo para disputar o segundo tempo da partida, os jogadores já não encontraram mais a chuva torrencial, que fora passageira e não alterou o estado do gramado.

O CRB voltou com uma novidade, Aloísio (Chulapa), com passagem em varias equipes do Brasil, sendo Campeão Mundial em 2005 defendendo o São Paulo, entrou na partida substituindo o apagado Luiz Felipe. Em desvantagem no placar, o CRB pressionou muito durante todo o segundo tempo, mas parou nas mãos do goleiro Gilson, que com defesas de puro reflexo foi disparado o melhor jogador da partida.

Aos 9’, aconteceu um lance que passou despercebido, mas que poderia ter sido marcado penalidade na jogada, que não seria nenhum absurdo. Em bola alçada na área do ASA, o zagueiro Fabiano deu o que poderia ser interpretado como uma gravata no atacante Aloísio, que valorizou levando o árbitro a interpretar como simulação e deixando a jogada prosseguir sem nada marcar.

Detalhe: Por ter visto o jogo pela televisão e o lance no ângulo de cima para baixo, a visão foi melhor do que a do árbitro que viu no sentido contrario e como não houve maiores reclamações, o árbitro teve sorte agindo corretamente.

Aos 20’, marcou falta inexistente do bom atacante Valdivia do ASA em cima do inexpressivo lateral Jadilson do CRB, que valorizou induzindo o árbitro a cometer o erro.

Aos 35’, mostrou corretamente cartão amarelo para o jogador Lucas do ASA.

Aos 40’, o atacante Lucio Maranhão deu o corpo chamando a falta, mas sendo tocado de forma legal, porém, o atacante valorizou e mais uma vez Charles entrou no cai-cai, jogada tão detestada e muito usada no futebol brasileiro pela covardia dos árbitros que preferem marcar a falta para não terem maiores problemas.

Aos 48, a partida foi encerrada com vitoria do ASA por 1x0.

Os assistentes trabalharam com descrição na partida, anotaram 6 impedimentos no jogo e colaboraram com o árbitro em marcações de faltas próximas da área de atuação.

Resumo:

A partida foi ruim e refletiu a posição na tabela de ambas as equipes, houve uma forte marcação, mas se respeitaram com poucas faltas e nenhuma desleal. Destaque para o goleiro Gilson, o melhor da partida, para o ala Chiquinho e Valdivia, todos do ASA. Pelo CRB o destaque positivo vai para o goleiro Cristiano que fez duas boas defesas. Já o lateral Jadilson foi o ponto negativo do time da Pajuçara, lento, sem objetividade tendo levado um baile do ala Gabriel.

O árbitro:

Charles Hebert contou com a colaboração dos jogadores tendo assim uma partida tranqüila. Poderia ter se complicado no lance em cima do atacante Aloísio no inicio do segundo tempo, mas teve sorte por não haver maiores reclamações. Além da capacidade técnica e disciplinar, um árbitro precisa e muito de contar com a sorte em determinados lances e desta vez ela não o abandonou.

Precisa administrar melhor o uso dos cartões, dos cinco amarelos mostrado durante a partida, em três deles foi muito rigoroso. Caiu em algumas simulações dos jogadores e precisa ler melhor as determinações 005B da CA/CBF que diz que no futebol existe contato e nem todo esbarrão é falta.

No contexto geral, não interferiu no resultado da partida, legitimou o resultado final como gosta de afirmar e demonstrou ser merecedor de novas oportunidades.

Ficha técnica

Campeonato Brasileiro Série B 2012 – 19ª rodada
Jogo: CRB x ASA
Local: Estádio Rei Pelé, Maceió-AL
Data: 25/08/2012 (sábado)
Horas: 16h20
Árbitro: Charles Hebert Cavalcante Ferreira (CBF-AL)
Assistente 1: Otávio Correia de Araújo Neto (CBF-AL)
Assistente 2: Carlos Jorge Titara da Rocha (CBF-AL)

Equipes:

CRB:
1- Cristiano 2- Luiz Felipe (18-Aloísio Chulapa, no intervalo) 3- Rogélio 4- Thiago Gome 6- Jadilson 5- Diego Aragão 7-Roberto Lopes 8- Gleidson 10- Geovani (17-Ricardinho, aos 30” do 2T) 11- Wanderley
9- Tiago Bezerra (15-Paulo Victor, aos 6” do 2T); Técnico: Pintado

Reservas CRB: 12-Anderson, 13-Rodrigão, 14-Vitor, 15-Paulo Victor, 16-Luis Paulo, 17-Ricardinho, 18-Aloísio Chulapa.

ASA:
1- Gilson 3- Fabiano 7- Audálio (15-Jorginho, no intervalo) 4- Edson Veneno 2- Gabriel 5- Cal 8- Lucas
10- Davi Ceará (16-Valdívia, aos 17” do 2T) 6- Chiquinho 11- Roberto Jacaré (17-Alexsandro, aos 33” do 2T) 9- Lúcio Maranhão; Técnico: Nedo Xavier

Reservas ASA: 12-Jonatas, 13-Talysson, 14-Wallisson, 15-Jorginho, 16-Valdívia, 17-Alexsandro, 18-Rogério Maranhão.

Frase: “O fracasso é a oportunidade de começar de novo com mais inteligência e redobrada vontade”. (Henry Ford)

ApitoNacional

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