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sexta-feira, 5 de junho de 2020

Allano lamenta casos de racismo: "Só quem é negro sabe o que passa"

FOTO: AUGUSTO OLIVEIRA/ASCOM CSAv

O mundo parou para protestar pela morte de George Floyd, afro-americano que foi asfixiado por um policial. Além dele, muitos casos de racismo, como o de João Pedro, criança que morreu após ter sido baleada enquanto estava dentro da própria casa, no Complexo do Salgueiro-RJ, acontecem diariamente no Brasil. Allano, atacante do CSA, foi uma das personalidades que, por meio das redes sociais, se manifestou contra esses ataques.
"Foi uma cena muito forte. É uma coisa que não é normal. Como ele, outros já passaram pela mesma coisa. É muito triste. Até vi um vídeo da filha dele dizendo que o pai dela mudou o mundo. Poderia ser por uma causa boa, não por uma tragédia. Só nós negros sabemos pelo que aquele pai de família passou. Eu também sou pai de família e passei por situações adversas", disse ele, à TV Gazeta, sobre o caso de George Floyd.
O jogador do Azulão, nascido no Rio de Janeiro, lembrou da difícil infância que passou ao lado da mãe solo. Na época, ele não entendia, mas agora consegue compreender por que sempre precisava sair com algum documento de identificação.
"Quando eu era pequeno, com 10 anos de idade, minha mãe me mandava sair com a identidade. Eu perguntei ao meu amigo, que é branco, se a mãe dele exigia isso e ele disse que não. Hoje eu entendo por que minha mãe pedia isso. Caso acontecesse alguma coisa comigo na rua, pelo menos era teria como me identificar e fazer um enterro digno".
Em 2015, Allano sofreu racismo enquanto atuava pelo Cruzeiro. Segundo ele, naquele tempo, faltou discernimento para entender o que havia acontecido. Pouco tempo depois, o atacante passou por outro caso, mas dessa vez fora do Brasil. 
"Eu estava em Portugal e sofri isso dentro de campo. Quase perdi a cabeça. A minha sorte foi que meus companheiros de equipe conseguiram me acalmar. Já no final do jogo, tomei a bola do adversário e parti para o ataque, aí ele me deu uma entrada que poderia ter quebrado minha perna. O juiz deu a falta e eu fui falar para ele não fazer mais isso com um amigo de profissão. Ele já veio com palavras absurdas para cima de mim: 'cala a boca, seu macaco de merd*'... Além de outras coisas", desabafou.
Diante do levante pelos últimos acontecimentos, a expectativa é de que a indignação não seja passageira e que mais pessoas lutem pela causa. E se Allano tivesse que deixar um recado, com certeza seria: "Nós somos maiores que tudo. A luta não para", finalizou ele.
NM com Débora Rodrigues

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