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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Um bate papo especial com o "Mandachuva" da arbitragem Pernambucana, Salmo Valetim

Diretor da ANAF e chefe do apito em Pernambuco, Valentim pede união da categoria, respeito aos árbitros e elogia ações de Marco Polo Del Nero 
PERNAMBUCO – Ele geralmente não concede entrevistas, mas quando resolve se manifestar, Salmo Valentim não economiza nas palavras. Tido como um dos dirigentes mais influentes e respeitados do futebol brasileiro, o diretor da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol e Presidente do Comitê de Árbitros da Federação Pernambucana de Futebol recebeu a reportagem do Voz do Apito para um bate-papo. Sempre incisivo e sem se importar se vai agradar ou desagradar, Salmo pediu união dos árbitros e destacou a administração tanto de Sérgio Corrêa, ex-todo poderoso do apito, como também elogiou as ações de Marcos Marinho em seus primeiros meses no comando da arbitragem nacional. Além disso, fez um balanço da arbitragem pernambucana e destacou o trabalho feito por Marco Martins, na presidência da ANAF.
Como vai a capital pernambucana? 
Por aqui tudo bem, graças a Deus. Pernambuco é o coração do Brasil.
Já tem tempo que você pendurou o apito. Mesmo assim continua treinando? 
Não como antes. Mas continuo dando minhas corridas e às vezes malho numa academia perto do meu trabalho. Agora não é mais pra apitar, mas pra cuidar da saúde né? Tenho dois filhos e quero conviver com eles por muitos anos.
Por falar em coração, como anda o seu em pleno estadual? 
Quem é presidente de comitê sabe a responsabilidade que é gerir carreiras. Eu me esforço para ser o mais justo possível com o meu quadro e por isso, ao lado do Erich e de Chico, vamos trabalhando para renovar o quadro sem deixar de utilizar os nossos árbitros mais experientes. Aqui o pernambucano, como você disse, está a pleno vapor. Implantamos as audiências públicas e em nossas competições só trabalha quem nos dá resultado dentro de campo. Foi uma forma de prestigiar os profissionais que atravessam o melhor momento. Até aqui posso dizer que estou satisfeito com o desempenho deles no estadual.
Por qual motivo alguns estados não extinguiram o sorteio já que a Legislação Federal dá essa alternativa? 
Uns não fazem por covardia, medo de justificar suas escolhas e outros, por falta de apoio político das federações. O Brasil é o único país no mundo que escala os árbitros através de um “bingo”. Sempre fui contra e continuarei sendo. Em Pernambuco, enquanto eu estiver não haverá mais sorteio. Aqui apita quem estiver em melhor fase.
Como é trabalhar numa federação que investe em arbitragem da maneira como Pernambuco faz? 
Esse é um viés que deveria ser seguido por todas as federações do Brasil. Dr. Evandro sabe que sem árbitros de qualidade, não se rende um futebol de qualidade. Claro que erros ocorrerão, mas na medida em que você treina e coloca à disposição do árbitro todos os mecanismos para que ele exerça a atividade com excelência, os erros caem drasticamente. Investir em arbitragem tem virado moda no país. Tenho que ressaltar não só a liberdade que o presidente da federação nos dá para trabalhar, como também a confiança que a nossa administração adquiriu de forma geral na sociedade esportiva. Tudo isso também graças ao apoio que temos de Murilo Falcão, diretor de competições da FPF, que nos garante as melhores condições de trabalho.
Mesmo com tantos investimentos, Pernambuco ainda não conseguiu um escudo FIFA na gestão de Evandro Carvalho. É um objetivo?
Eu faço o meu trabalho! Temos árbitros de qualidade com potencial para uma aspiração internacional, mas temos que ser cautelosos respeitando os critérios adotados pelo comitê nacional em relação a essas promoções. Nós vamos continuar trabalhando a todo vapor em busca deste reconhecimento por parte da CBF. Clovis, por exemplo, poderia ter entrado, na minha visão, nesta lista. Não entrou, mas o mundo não acabou. Ele tem idade e pode sim reverter isso dentro de campo no futuro.
Vocês tem optado nos últimos anos a contratar árbitros de fora para apitar por Pernambuco. Contratar sai mais barato do que formar um árbitro de ponta? 
O futebol mudou. Se atletas, treinadores e até dirigentes trocam de clubes, por qual motivo os árbitros não podem mudar de federação? É um assunto interessante que merece uma discussão nacional pela forma como algumas transações são feitas. Eu acho injusto, por exemplo, um árbitro receber mais de 100 mil reais por ano numa federação, enquanto este valor poderia ser utilizado para ser investido na qualificação dos árbitros locais. Aqui nós “convidados” e não, “contratamos” alguns árbitros e eles vieram sem nenhuma compensação financeira. Quem era da FIFA, recebia a taxa destinada aos árbitros que compõem o quadro internacional. Não há nada demais nisso. Mas é uma discussão interessante.
Você é a favor que árbitros atuem em finais estaduais fora de seus estados? 
Se a competição for nacional, ou seja, organizada pela CBF, não vejo nada demais. Agora, se for em campeonatos estaduais sou totalmente contra. Temos que acabar com essa prática no Brasil. Dirigentes, alguns, não todos, não são capazes de reconhecer os investimentos e o trabalho que os comitês de arbitragem fazem. Essa medida deveria ser extinta do futebol, bem como o sorteio. Num passado não muito distante, vimos árbitros de fora cometendo equívocos em decisões estaduais. E aí, de quem é a culpa? Erros sempre irão existir. Fazem parte do futebol. Mas clubes, federações e principalmente nós, árbitros, precisamos assumir essa responsabilidade.
Vamos falar da ANAF. Tenho percebido um crescimento, em todos os aspectos, da entidade. Como você avalia essa transformação? 
Concordo. Crescemos e aos poucos conseguimos conquistar um espaço respeitável no futebol. Martins faz um trabalho proativo e coeso. Sabe os caminhos e tem trânsito livre nos corredores da CBF. Isso é importante para o desenvolvimento da entidade classe dos árbitros e merece ser destacado. Agora mesmo, participaremos do arbitral das principais séries do Campeonato Brasileiro. Sem dúvidas, mas um marco na história da arbitragem brasileira. Conquistamos a regulamentação da atividade, uma vaga no Profut, iniciamos na LIGA as audiências públicas e várias outras conquistas que merecem ser reconhecidas pela categoria.
Marco Polo Del Nero me parece ser parceiro da ANAF. Foi dele a idéia de premiar os árbitros que se destacarem a cada rodada do Brasileirão? 
Dr. Marco se notabilizou em São Paulo enquanto esteve à frente do futebol paulista, por investir na arbitragem. Ele começou com esse movimento anos atrás e já o trouxe para a CBF. Tudo que é possível seja no campo tecnológico ou financeiro, ele faz. Nós sugerimos e ele aceitou premiar os árbitros durante a temporada. Isso aquece os ânimos, motiva a categoria e prestigia quem estiver vivendo a melhor fase. Marco Polo Del Nero é o pai da arbitragem brasileira. Um homem simples, que atende a todos com atenção e cordialidade.
Coronel Marinho assumiu o Comitê de Árbitros da CBF num momento delicado, com erros e a pressão da opinião pública. Como você avalia o atual momento da arbitragem brasileira? 
Reclamar de arbitragem é algo cultural. Não se pode marginalizar pessoas ou apontar os dedos. Você vai à Europa e esse fenômeno acontece aos montes por lá. No mundo todo isso é perceptível. Durante os anos que esteve à frente do comitê nacional, Sérgio Corrêa fez uma gestão moderna que priorizou uma renovação importante, ou alguém vai dizer que o gaúcho Anderson Daronco, por exemplo, não faz parte desse processo? Claro que reclamações são comuns, mas é preciso, antes de falar de Coronel Marinho, reconhecer a importância do trabalho feito por Sérgio para o crescimento da arbitragem brasileira. Por outro lado, o cargo é de confiança do Presidente da CBF e se ele achou por bem fazer modificações, temos que respeitar. Coronel Marinho é um gestor experiente, chegou com idéias interessantes que podem sim contribuir para que novos árbitros de ponta sejam revelados. É importante que ele administre, como disse a vocês, em parceria com os comitês locais, pois essa ação é imprescindível para que possamos auxiliá-lo de alguma forma, a tomar as melhores decisões.
Estou te achando muito água com açúcar. Soube que está amando. É verdade? 
Kkkkkkkkk (risos). Vamos para a próxima pergunta?
Como você enxerga o futuro da arbitragem brasileira? 
Com otimismo e entusiasmo. Temos os melhores árbitros do mundo e não se pode esquecer que o Brasil ainda é o país do futebol. Vamos apoiar e trabalhar pelo árbitro e para o árbitro.
Qual o legado que a sua gestão deixará em Pernambuco, quando o seu ciclo chegar ao fim? 
Modernizamos o comitê de arbitragem pautando a nossa gestão na transparência, sempre com respeito às pessoas, instituições e, principalmente, carreiras. Pernambuco tornou-se um centro de formação e qualificação de novos árbitros e isso jamais poderá ser esquecido.
Ano passado você perdeu seu pai, o querido “Seu Valentim”. Torcedor apaixonado pelo futebol e seu fã número 1. Tudo por ele, Salmo? 
Tudo por ele, para ele e se Deus quiser, com ele. Papai se foi, mas a ele agradeço o homem que sou hoje. Com certeza foi um homem que soube viver muito bem a vida.
NM com Voz do Apito

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