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quinta-feira, 23 de julho de 2015

Após ataque a Fanning, WSL estuda implantar sistema "espanta-tubarão"

info ataque tubarão 3 (Foto: arte esporte)
O último dia de disputas em Jeffreys Bay, na África do Sul, foi longo, com horas de baterias entre a quinta fase e a decisão. Mas um episódio de apenas 40 segundos poderia ter se transformado na maior tragédia da história do surfe profissional. O ataque de tubarões ao tricampeão mundial Mick Fanning ocorreu quando o australiano ainda não havia pegado nenhuma onda na final contra Julian Wilson. As imagens ao vivo dos momentos de terror, a prancha de Fanno puxada para o fundo do mar e os socos do surfista para afastar os predadores antes do rápido resgate se espalharam pelo mundo. Fanning escapou ileso, mas o incidente nunca visto em uma competição trouxe à tona o risco ao qual os atletas estão expostos no esporte. Embora haja procedimentos de segurança em vigor, como uso de "olheiros" - salva-vidas que vigiam o mar -, a Liga Mundial de Surfe (WSL) estuda aumentar de dois para cinco o número de jet-skis na água e implementar o sistema de "Shark Shield", aparelho eletrônico que funciona como um "repelente" de tubarões. 
O dispositivo criado por cientistas do Instituto Oceanográfico da Universidade da Austrália Ocidental, com o intuito de proteger surfistas e mergulhadores, preveniu o encontro com tubarões em 90% dos casos. Os testes foram feitos em recifes no Oeste da Austrália e com tubarões brancos na costa sul-africana. Os sinais elétricos emitidos pelo aparelho interferem na rede de sensores dos tubarões e criam uma espécie de barreira invisível. De acordo com o brasileiro Renato Hickel, diretor da WSL, a ideia de implementar o sistema em tornozeleiras e boias nas áreas de competição poderia ser adotada no ano que vem. 
- O "Shark Shield" é um sistema que vem sendo aprimorado pela empresa que o produz e que parece que garante cada vez mais a segurança. De repente, a gente pode utilizar esse sistema aqui em Jeffreys Bay a partir de 2016. O sistema nada mais é que uma tornozeleira que o atleta usa. E ela só não foi implementada na competição porque ela tinha tipo um chicote atrás, se não me engano de 2m, o que, obviamente, atrapalharia o desempenho dos atletas, por isso, nunca foi utilizada. O modelo mais recente não tem mais esse chicote, essa cordinha, e sim um dispositivo, tipo uma antena interna. E a protuberância na perna do atleta é muito pequena, o que o habilitaria a usar em uma competição. É isso que vamos procurar para o ano que vem. Nesse sistema, há a possibilidade de se instalar o "Shark Shield" em três, quatro ou cinco boias ao longo da área de competição e promover um isolamento completo - explicou Hickel.
Por enquanto, não há um sistema tecnológico com radares para detectar ou repelir a presença de tubarões, no entanto, as equipes salva-vidas são treinadas para lidar com possíveis ataques. Em Jeffreys Bay, o resgate a Mick Fanning e Julian Wilson durou poucos segundos e evitou uma tragédia. Por ser uma reserva marinha, não são permitidos jet-skis em J-Bay, porém, as duas motos aquáticas e o barco usados no resgate foram autorizados por serem parte do evento. 
- Além de termos sempre dois jet-skis na água voltados para a segurança dos atletas, nós trabalhamos com os "olheiros", salva-vidas que ficam na praia, na torre onde os juízes trabalham, patrulhando e observando se alguma coisa acontece. Se virem um tubarão, eles avisam. Com o intuito de aumentar a segurança, estamos estudando aumentar o número de jet-skis de dois para cinco no ano que vem - contou Hickel, que aproveitou para elogiar o trabalho da equipe de salvamento no local:
- O procedimento funcionou de maneira muito boa. Em menos de 10 segundos, eles chegaram nos dois competidores. Se por acaso o Mick Fanning tivesse sido realmente mordido pelo tubarão, o pessoal do resgate estaria lá imediatamente.
Momento em que tubarão se aproxima de Mick Fanning durante final da etapa de Jeffreys Bay (Foto: Divulgação / WSL)
Momento em que tubarão se aproxima de Mick Fanning durante final da etapa de Jeffreys Bay (Foto: Divulgação / WSL)
Mick Fanning tenta se desvencilhar de tubarão durante final da etapa de Jeffreys Bay (Foto: Divulgação / WSL)
Mick Fanning tenta se desvencilhar de tubarão durante final da etapa de Jeffreys Bay (Foto: Divulgação / WSL)

É muito cedo para especular sobre a etapa de Jeffreys Bay. No momento, ela continua no calendário, assim como outras que a gente sabe que há possibilidade de ataque de vida marinha. O que muita gente não sabe e é bom comunicar: a gente tem procedimentos de segurança nessas etapas já em vista da existir a possibilidade de um ataque de tubarão" 
Renato Hickel
Renato Hickel revelou que a WSL estuda uma série de medidas em prol da segurança dos surfistas, mas afirma não haver 100% de garantia de que não haja futuros ataques. Segundo ele, o risco é inerente ao esporte, não é algo que se restringe apenas ao surfe e existe em outras modalidades, como o futebol, o rúgbi e o automobilismo.
- Em vários esportes, é impossível garantir 100% de segurança aos atletas. Vemos fatalidades até mesmo no futebol. No rúgbi australiano faleceram dois atletas nesta semana e tivemos agora o caso da F-1. Há 21 anos, desde a morte de Ayrton Senna, não acontecia uma fatalidade, e, infelizmente, um piloto francês (Jules Bianchi) faleceu na semana passada após estar em coma por muito tempo. Há muito o que melhorar e vamos incrementar a segurança dos atletas.
Shark Shield, equipamento contra tubarões (Foto: Sharkshield.com)

"Shark Shield": aparelho eletrônico é usado para espantar tubarões (Foto: Sharkshield.com)
Apesar da presença de tubarões na costa sul-africana, não há placas sinalizando a presença dos animais em J-Bay, pois a comunidade local convive com o problema. O palco da sexta parada do Circuito Mundial, assim como as etapas de Margaret River, na Austrália, e Pipeline, no Havaí, abriga uma concentração maior de tubarões. Apesar de não haver histórico de ataques até este ano, há registros de encontros com tubarões ao longo dos 39 anos de surfe profissional, como os que fizeram Taj Burrow desistir de competir em J-Bay, em 2003, e o de Mick Lowe, que se assustou com a presença de um tubarão no local, em 2007. Para Hickel, ainda é prematuro definir o futuro da etapa na África do Sul. 
- É muito cedo para especular sobre a etapa de Jeffreys Bay. No momento, ela continua no calendário, assim como outras que a gente sabe que há possibilidade de ataque de vida marinha. O que muita gente não sabe e é bom comunicar: a gente tem procedimentos de segurança nessas etapas já em vista da existir a possibilidade de um ataque de tubarão. Na minha opinião pessoal, acredito que a etapa continue, mas é prematuro especular - acrescentou. 
O contrato da WSL para a realização da competição na África do Sul inclui J-Bay no calendário do circuito até 2016. A entidade colocará o assunto em pauta em uma reunião após a disputa do US Open, em Huntington Beach, na Califórnia, de 26 de julho a 2 de agosto. A competição válida pelo ranking de acesso, vencida por Filipe Toledo, no ano passado, antecede a sétima etapa do Circuito Mundial, no Taiti, entre os dias 14 e 25 de agosto.  

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