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domingo, 21 de abril de 2013

MATÉRIA ESPECIAL - QUINTA E ÚLTIMA PARTE - DRA. MARTA MAGALHÃES PSICÓLOGA DO ESPORTE NA ARBITRAGEM



Agora podemos dizer que estamos realmente encerrando a  série de entrevistas especiais que estamos fizemos sobre a  arbitragem nacional em especial os dirigentes e colaboradores da Comissão de Arbitragem Nacional. 
Já entrevistamos ,  Sérgio Correa, Dr. Paulo Jorge ,  Dr. Edson Rezende e o Professor Paulo Camelo,como  vocês podem conferir acessando estes links.





Para encerrar esta bela sequência nada melhor do que conversar com a Dra. Marta Magalhães, Psicóloga do Esporte, seu trabalho está literalmente ligado a Arbitragem Nacional. Conheça um pouco de uma das mais respeitadas profissionais do mundo da bola Brasuca e a sua real função na arbitragem Brasileira:

Poderia informar seu currículo enquanto psicóloga do esporte? Soube que a Sra. trabalha como professora na rede pública. Como é este trabalho?
Sou Psicóloga do Esporte Pós Graduada pelo Instituto Sedes Sapientiae, São Paulo. Estou na Arbitragem de Futebol desde 2004, já atuei junto a Ginástica Artística, faço atendimentos para atletas, e consultorias esportivas.
Quanto à Rede Pública, trabalhei na formação de Magistério, sou Psicóloga, Psicóloga Escolar e Pedagoga, atualmente ocupo o cargo de Orientadora de Estudos e Pesquisas da Escola de Tempo Integral, no Município de Guarulhos, São Paulo.

1-Qual é a sua função junto a C. A. da CBF? Qual a diferença entre uma psicóloga e uma psicóloga do esporte?
A função na CA/CBF é de Psicóloga do Esporte na Arbitragem, trabalho com o Pilar Mental junto aos árbitros de futebol do Quadro Nacional Brasileiro.
A Psicologia é o estudo dos fenômenos psíquicos e do comportamento do ser humano, a Psicologia do Esporte, estuda o comportamento do ser humano envolvido no contexto esportivo, e do exercício físico. O objetivo da Psicologia esportiva é compreender como os fatores psicológicos podem influenciar o desempenho físico, o desenvolvimento emocional, a saúde e o bem estar.

2– Há quanto tempo trabalha com os árbitros e como é feita a comunicação com eles, haja vista a distância dos estados em relação a sede da CBF. Como minimizar isto?
Trabalho com os árbitros desde 2004, a comunicação é realizada nos diferentes treinamentos realizados pela CA/CBF, nos campos de jogo, no consultório, através de e-mails, Skype, e telefone.

3 –Como surgiu essa parceria?
Surgiu de um convite do Sr Sergio Correa para fazer trabalhos psicológicos no Sindicato dos árbitros em 2004, em seguida alguns trabalhos na Pré-Temporada da Federação Paulista, depois acompanhamento aos árbitros da CBF junto ao Pilar Mental desde 2007.

4 –Qual a principal diferença de trabalhar com os árbitros e pacientes comuns?
Trabalhar com o Cliente Humano, significa acompanhá-lo em sua queixa, e ajudá-lo a encontrar sentido em sua história, e na forma de intervir com ela, seja nos contatos consigo, com o meio, e com o outro. Trabalhar com árbitros significa fazer tudo o que esta citado acima, pois antes dele ser árbitro, ele é um Homem, E também buscar compreender os fenômenos psíquicos que possam alterar comportamentos, desempenho, saúde, e bem estar. Sempre visando promover a saúde, a comunicação, as relações interpessoais, a liderança e a melhoria no desempenho esportivo.

5 –Pela pressão exercida sobre estes profissionais, creio eu que os fatores Psicológicos sejam bastante exigidos, como à senhora trabalha isso com todos eles? A sra já foi a uma partida de futebol com elevada carga de pressão?
A pressão é muito alta, os fatores psicológicos trabalhados dependem da singularidade de cada árbitro, seja na confiança, segurança, motivação, tomada de decisão, atenção, concentração, entre outros.
Já participei de várias partidas de futebol, desde as consideradas, um grau de pressão fácil, médio, e difícil, o trabalho psicológico realizado passa pelo Plano de Trabalho do Árbitro em Equipe, e pelo Plano de Trabalho Individual, sempre voltado para seu foco no aqui e agora de forma que a consciência seja a mais plena possível.

6 – O atual momento da arbitragem anda exigindo árbitros jovens, o fator psicológico não é mais evidente neles por falta de experiência? Qual a maturidade deles para grandes jogos?
O árbitro ao estudar as regras, treinar fisicamente, e aplicar esse conjunto em campo de jogo, ele esta buscando compreender e aprender com cada situação. Esse processo desenvolve a abertura para as novas experiências no campo vivido, e sua leitura de jogo ganha mais consistência, profundidade e precisão. Com isso, apropria-se das próprias experiências, favorecendo, assim a tomada de decisão, e a maturidade deles para os grandes jogos.

7 –Dentro da sua área, quais os maiores problemas enfrentados pelos árbitros brasileiros?
Questões culturais, treinos associados ao trabalho, viagem, família, e principalmente o respeito pelo seu trabalho, que toma inúmeras decisões em curto espaço de tempo.

8 –Quando um árbitro apresenta um quadro de anormalidade Psicológica, como a senhora faz o acompanhamento e tratamento?
Cada caso é um caso, e faz o que se precisa, no momento certo, se preciso encaminhar aos cuidados médicos, assim é feito. Um bom acolhimento - escuta apropriada, e presença efetiva, normalmente são os caminhos adotados. Não me lembro de um caso de anormalidades, lembro-me de   questões humanas, precisando de acolhimento, ressignificação e contorno.

9 –Assim como o Professor Paulo Camelo, a senhora também é muito bem vista pelo grupo, qual o segredo do seu trabalho?
Num primeiro momento ser capaz de dar a atenção devida, e acolher a demanda, e depois, trabalhar o que é preciso. Afinal cada um assume sua responsabilidade e habilita melhores respostas, seja no nível motor, cognitivo, afetivo entre outros.

10 -quantos profissionais do esporte estão trabalhando na arbitragem?
Ainda sonho com que cada Federação tenha seu Psicólogo, hoje ainda o numero de Psicólogos da Arbitragem é pequeno, mas estamos dia a dia aumentando o numero de profissionais desta modalidade.
11 -A Sra já participou de pré-temporadas pelo Brasil? Se sim, o que tem encontrado?
Sim, já participei, e como disse anteriormente, as questões singulares, e locais são muito diversificadas, tais como: hábitos cotidianos, grau de instrução, meios de transporte, dirigentes locais, questões financeiras, recursos físicos e humanos. Essas questões são cuidadas na esfera individual, e na esfera da padronização Brasileira, na medida do possível.

12 -A sra participou de quantos cursos de elite na CBF? Tem uma ideia de quantos passaram pelo seu trabalho?
Inúmeros cursos, ao longo dos anos, centenas de árbitros envolvidos nesse trabalho. Nossos árbitros promissores estão na ativa e se saindo bem, dia a dia, amadurecendo na função. Os antigos árbitros estão com postura resinificada  pois as exigências foram alteradas, e sua posição diante da arte de arbitrar foi alterada também.

13 -Como era trabalhar com a antiga CA e como é trabalhar com a nova?
Quando o OBJETIVO do trabalho é o mesmo, só muda a forma de falar, trata se de um trabalho contínuo, e em busca da assertividade, portanto, é tranquilo.

14 -Os dirigentes e instrutores passaram pelo seu "divã" na antiga gestão? E os atuais? Isto precisa ou não ser feito?
Sempre quando se precisa, todos nós passamos por um filtro, eu passo, e todos passam. Isso é saudável, inteligente e da noção de pertencimento ao grupo, da sentido a equipe, que só funciona bem quando podemos trabalhar em conjunto e resignificar quando é necessário.

15 –A Sra. sendo professora há muitos anos e tendo participado curso FIFA para instrutores pode fazer um diagnóstico de como será a arbitragem e, claro, se os instrutores formados estão a altura da missão a ser cumprida?
Todos os instrutores que se submeteram ao curso de Instrutor têm condições de avançar quando se reciclam continuamente. Quando trocam, e se submetem as avaliações da Instrução. Estão sempre atualizados com os informes da Fifa, CBF, caso contrario, é difícil, se manter na Instrução.

16 –Qual a diferença entre a arbitragem masculina e feminina. Como a sra lida com estas questões. Por exemplo, um dirigente tendo um parente na arbitragem ajuda ou atrapalha? Como lidar com isto?
Questões de gênero são inúmeras, e nada deixa a desejar se bem trabalhadas. Precisamos lidar melhor com a abrangência do feminino, num lugar altamente masculino. Toda relação de parentesco, gera falas, o que precisamos ter como ponto, é a ética e o comprometimento com o trabalho. Tem momentos que ajuda, e têm momentos que atrapalha, em todos os cantos, as polêmicas serão intensas, se o próprio meio alimenta esse ou aquele comentário. Lidar com isso, de forma natural e com a realidade que existe, é o dever e o direito de cada um, ao exercer uma função. Sempre buscar o sentido comum e justo, é a melhor opção.

17 –Dentro do aspecto psicológico, se a sra pudesse dar um único conselho para o árbitro de futebol melhorar sua performance qual seria? Esta pergunta vale também para o assistente, cuja missão é complexa e depende de posicionamento correto, atenção, etc bem como para o dirigente de arbitragem melhorar sua gestão. Qual seria este conselho para cada um deles?
Que cada um aproprie-se cada vez mais de si, e que a medida que os treinos sejam efetivos, faça o que pode, com o seu melhor, e cada ação é uma ação, portanto, faça o melhor no AQUI E AGORA, o resultado é fruto da construção do passado, do fazer no presente, e da colheita no futuro.

18– No aspecto psicológico, qual a mensagem para os torcedores que bradam contra o trabalho da arbitragem, os jornalistas que questionam, os nossos leitores e para os árbitros e, finalmente, para aqueles que pensam em seguir esta árdua missão?
Espero que todos procurem conhecer as regras do futebol, procurem olhar para o arbitro como um ser humano, que sempre busca fazer o melhor. Que respeitem o Homem com sua origem, e não misturem os momentos da paixão com a cegueira do discernimento. Que as criticas sejam construtivas e de proveito. Que os interessados, entendam que o trabalho é intenso, sério e de grande emoção ao que compete ao senso de justiça e de fundamento arbitral.

Gostaríamos de agradecer a atenção da Dra. Marta, sabíamos que não seria diferente, pois tive o prazer de conhece-la no último Congresso da ANAF em São Paulo em Novembro de 2012 e além de uma profissional respeitada ela é um doce de pessoa, muito atenciosa e educada.Espero encontra-la em outras situações.

Acredito amigos do Notícia na Mira que vocês tenham gostado da série de matérias especiais que produzimos em nosso espaço na internet, acreditamos também que os nossos leitores ficaram conhecendo um pouco dos dirigentes e colaboradores da arbitragem nacional. Esperamos realizar outras séries e entrevistas com a cúpula da arbitragem nacional em breve.

Abraço do Paulo Lira.
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